Aida Franco de Lima – OPINIÃO
O prefeito de São José dos Campos (SP), Anderson Farias (PSD), proibiu a participação da jornalista e escritora Milly Lacombe na 11.ª Festa Litero Musical (Flim), programada para iniciar no dia 19 de setembro. Em virtude de sua intervenção, inúmeros convidados cancelaram também participação. Assim, o evento foi adiado, sem data definida para ocorrer.
Anderson ficou incomodado com uma frase que a jornalista Milly Lacombe, que é ativista do movimento LGBTQIAPN+, falou em uma entrevista ao podcast Louva Deusa no mês de julho. Basicamente, ela disse que o modelo de família tradicional está esgotado. O trecho da entrevista que rodou as redes sociais diz: “A família é um núcleo produtor de neurose. Essa família tradicional, branca, conservadora, brasileira. Gente, isso é um horror. É a base do fascismo. Falemos a verdade.”
Vereadores da base do prefeito, que se dizem conservadores, divulgaram amplamente o trecho da entrevista e “pediram a cabeça” de Milly. Anderson, branco, casado, chefe de família, provedor, pai de três filhos, assumiu seu papel de defensor da família tradicional brasileira. Assim, resolveu proibir a participação da jornalista, e isso desencadeou uma série de cancelamentos de outros participantes da Flim.
- Porém, além de Anderson ser branco, casado, chefe de família, provedor, pai de três filhos, ele deve ter se esquecido de que também tem, ou tinha, uma amante. Assim sendo, o prefeito, que perseguiu a jornalista porque ela falou que o modelo de família tradicional é sensível, sendo que é mostrada uma coisa, entretanto a realidade aponta para outra, com seu telhado de vidro, acabou comprovando que a jornalista estava certa.
Com exceções, o que há é uma falsa moralidade pregada para as redes sociais, mas que, na vida real, é mais suja que pau de galinheiro. Afinal, quantos casos de traições, violências e abusos conhecemos e que são abafados para “manter a família”?
Porém, além de trair a esposa, com quem era casado havia 30 anos, Anderson teria feito mais. Sheila Thomaz precisou pedir medida protetiva por conta de tentativa de agressões, humilhações e ameaças. A ex-esposa narrou que ele tentou agredi-la em via pública, sendo contido por segurança, e fez ameaças em casa diante dos filhos. A situação se agravou depois que ela retornou de viagem ao exterior, quando acompanhava o tratamento de saúde de um dos filhos. Enquanto Sheila cuidava do filho, seu marido cuidava da liberdade de expressão alheia e de sua dupla jornada de marido e amante.
Com base na Lei Maria da Penha, Anderson saiu da sua agora ex-casa! A então família Farias tem um notório vai e vem na delegacia. É servidora da prefeitura abrindo Boletim de Ocorrência por acusar Sheila de perseguição e injúria, por ela relacionar-se com Anderson; é Sheila fazendo Boletim de Ocorrência contra a então sogra…
Quando acontecer a edição da Flim, seria interessante o prefeito também participar e, quem sabe, coordenar uma mesa-redonda intitulada: “Cadê a família tradicional brasileira que estava aqui?”.
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