Soberania começa no território, mas antes nasce na mente e no coração. É clareza de pensamento, afeto que não se vende, cultura que se afirma. Quando pensamos com nossas próprias referências, quando criamos sem pedir licença, já estamos exercendo soberania.
O Brasil carrega muitas brasilidades. Cada sotaque, cada ritmo, cada cor que brota nos becos, nas praças, nos palcos improvisados. É na diversidade que o país se fortalece. E é essa riqueza que precisa ser valorizada como patrimônio vivo.
Decolonizar é tarefa urgente. Desapegar do reflexo automático que nos faz admirar primeiro o que vem dos Estados Unidos e da Europa. Amar o nosso, valorizar a América Latina, reconhecer que daqui brotam pensamento, arte e futuro. Foz, com sua fronteira viva, mostra isso todos os dias: somos um mosaico latino pulsando em mistura.
A UNILA é exemplo disso. Universidade internacional, criada aqui na fronteira, que respira diversidade e integra estudantes de toda a América Latina. É um projeto que materializa a soberania do conhecimento: compartilhar saberes sem muros, formar gente que pensa a partir do nosso território, em diálogo com nossa própria realidade.
Itaipu é soberania. A usina simboliza energia, cooperação e desenvolvimento. O Parque Nacional do Iguaçu expressa a grandeza natural que o mundo inteiro reconhece e que cabe a nós preservar. As três pontes de Foz — da Amizade, da Fraternidade e da Integração — reafirmam o lugar estratégico da cidade, ligando povos, economias e culturas.
Defender soberania também é cuidar daquilo que garante o futuro: nossas terras raras, fundamentais para a tecnologia; o Pix, inovação brasileira que virou exemplo mundial; o pré-sal e a energia limpa; a ciência produzida nas universidades. Nada disso pode ser entregue barato ou subordinado, porque cada conquista é alicerce da independência real.
Mesmo com os traidores da pátria ainda rondando o centro político, o Brasil se move. O julgamento em Brasília é sinal de que a democracia resiste. Mas o desenvolvimento real está na força de quem trabalha, cria, dança, escreve, canta — e insiste em existir.
Soberania é gesto cotidiano. É escrever nossa história com as próprias mãos, como quem atravessa a ponte e leva consigo a certeza de que cada passo é latino, brasileiro e livre. É afirmar que pertencemos a nós mesmos.