Aida Franco de Lima – OPINIÃO
Há hobbies para todos os gostos, mas você conhece quem tem por passatempo construir e pôr para funcionar pequenas locomotivas? A resposta está em Joaquim Távora e Quatiguá, pequenas e bucólicas cidades no Norte Pioneiro do Paraná.
Naquela região nasceu a Brigada de Preservação de Linha Férrea — Norte (BPLF), oficialmente no ano de 2022. Ela une apaixonados por trens, locomotivas, vagões, tudo que remete a um período em que o principal meio de transporte se referia aos trens.
Era o ano de 2019 e se tratava de apenas uma brincadeira entre os irmãos Francisco Castilho Gutierrez e Horacildo Castilho Gutierrez, mecânico de moto, que construíram um pequeno carrinho para andar sobre os trilhos. Mas a brincadeira virou coisa séria!

E o que, na verdade, era uma prancha sobre rodas, com o tempo evoluiu e deu forma a uma espécie de trem em pequena escala. Nem tão grande perto de um trem nem tão pequeno perto de uma miniatura.
Aos poucos, outros apaixonados por veículos sobre trilhos foram aparecendo e hoje, quando o grupo se reúne, quase uma dezena de máquinas se juntam nos trilhos. Os trenzinhos podem dar lugar a dois e até seis passageiros e são movidos a gasolina. Todos construídos artesanalmente.
Não há como passar despercebido. Quando um trenzinho aparece no trilho, vira atração. Desperta saudosismo na geração que viajou em trens e a curiosidade nos mais jovens que só os conheceu por meio de imagens.
Mas o hobby exige mão na massa, ou melhor, nos trilhos. As ferrovias, de controle da Rumo Logística, que não são mais utilizadas para transporte de cargas, acabaram caindo no esquecimento. Em muitas cidades, elas simplesmente foram destruídas, principalmente quando os trilhos entram no caminho dos novos empreendimentos. E para que os trens possam funcionar, a Brigada de Preservação de Linha Férrea — Norte faz a manutenção dos trilhos.

A equipe se reveza e, aos finais de semana, sai munida dos mais variados equipamentos para capinar e reparar as linhas que interligam os municípios de Joaquim Távora e Quatigá, distantes oito quilômetros um do outro.
E o que nasceu como brincadeira tem todas as chances de transformar-se em importante chamariz turístico para o Norte Pioneiro. Afinal, quem não tem vontade de andar de trem? No caminho há inúmeras referências históricas, onde havia a Estação de Conselheiro Zacarias, Pederneiras, e arquitetônicas, como o túnel Pedra Branca construído em 1925, sentido Conselheiro Zacarias – Platina- Guimarães Carneiro – Jacarezinho – Ourinhos.

As autoridades locais, estaduais e nacionais precisam olhar para essa preciosidade do Norte Pioneiro. É uma grande possibilidade de incrementar a engrenagem econômica regional. Nos vagões dos trenzinhos, cabem produtos típicos da região, como os cafés premiados, as festas regionais, os artesanatos, a cultura, os turistas apaixonados por novas aventuras em paisagens naturais.
E em Joaquim Távora há uma estação novinha em folha, esperando os passageiros. A original, inaugurada em 7 de setembro de 1923, foi incendiada em 2013 e reconstruída em 2016 pela então concessionária América Latina Logística (ALL). O bonde da história está passando, e esse privilégio precisa ser valorizado.
A indústria sem chaminé, o turismo, no Paraná, vai além de litoral, Curitiba, Vila Velha e Cataratas do Iguaçu. Outros tesouros podem encantar os olhos e a alma dos turistas. Como os trenzinhos, capazes de permitir a viagem ao passado com os pés no presente.
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